terça-feira, 30 de março de 2010

Madrugada é horário nobre da TV


Horário nobre da insônia

A Liz me enviou essa reportagem pois tem haver com meu tema.
Acabo chegando a outras conclusões, ver Tv é uma forma de se distraí e descansar.
A Televisão no celular vai aumentar a audiência em horários que não são os comuns como no horário de rush, quantas pessoas não vão voltar pra casa vendo tv?


Reportagem publicada no Jornal da Tarde em 3 de novembro de 2009, pelo jornalista Gilberto Amendola, com entrevista da diretora comercial do IBOPE Mídia, Dora Câmara

Faz algum tempo que o velho slogan "televisão emburrece" perdeu a força. E uma nova constatação, apoiada pelos números do IBOPE ganha relevância: televisão é uma ótima companheira das madrugadas. Nos últimos cinco anos, a audiência de horários considerados alternativos cresceu em 15% e o tempo médio do brasileiro em frente à telinha subiu 13 minutos na calada da noite. Enquanto a programação diurna sofre com a dispersão de telespectadores, que migram para outras mídias, os números noturnos atestam a inversão do 'horário nobre'.

A diretora comercial do IBOPE Mídia, Dora Câmara, examina os números. "Pode parecer que 13 minutos (a mais de audiência) é pouco, mas em se tratando de um universo de milhões de espectadores, é uma média alta. O tal "horário nobre" da televisão vem se estendendo até depois da 1 hora da manhã." Ainda segundo o IBOPE, o que dá gás às madrugadas é o público jovem, a classe C e a TV cabo. "Em nossas pesquisas, esses são os elementos que mais aparecem com força. Aparentemente, o público já se habituou a dormir mais tarde", comenta Dora. "Esse público mais conectado com intemet também tem peso nesta estatística. As pessoas ficam mais tempo acordadas e, consequentemente, ligam a televisão."

O tipo mais clássico ainda é aquele que procura na TV o alivio para suas batalhas com o sono. Zizza da Silva, 26 anos, estudante de Rádio e TV, tem o que chama de "hábitos madrugadores" desde que era bebé. "Quando a programação da TV acabava, eu abria o berreiro, acho que esse meu hábito começou aí." Embora more em uma república, ela não se aperta na hora de ligar a TV de madrugada. "As pessoas se acostumaram com o meu jeito." Cinéfila, Zizza zapeia à procura de filmes e séries e descobre uma vantagem dos insones. Algumas produções só dão as caras na TV quando a maioria das pessoas está dormindo. "Tem um tipo de filme que só passa de madrugada. Já virei a noite vendo Cassino, do Martin Scorsese."

Outro grupo de telespectadores corujas é o formado por gente que tem seu relógio biológico dependente de seu horário de trabalho. E aqui não se fala só do exército de profissionais da noite, como porteiros de edifícios e recepcionistas de estacionamentos 24 horas. Chegar em casa depois das 23h já é uma porta para o mundo das "noites brancas" diante da TV. O professor universitário Rafael Mónaco, 52 anos, chega em casa com adrenalina suficiente para saber que ir para a cama não é um bom negócio. A TV da sala é o seu relaxante. "Tenho um bom televisor e uma poltrona adequada. Gosto muito de passar minhas madrugadas aqui."

A qualidade do que se vê em alguns canais é outro ponto a favor dos insones. Sem anunciantes aos montes, e com os soldados da guerra de audiência curtindo seu décimo sono, sobra espaço para boas séries, filmes com poucas inserções comerciais e longas entrevistas, ainda que reprisadas. "Durante o dia, a TV é muito popularesca. Já de noite, além dos filmes, encontramos documentários incríveis. Até os reality shows têm mais qualidade", diz o professor Mônaco.

Sem dormir mais do que quatro horas por noite, a comerciante Suelly Mota Figueiredo, 54 anos, está no time das 'viciadas' em séries. "Vejo os seriados desde o in&iacut e;cio, conheço todas as temporadas de E.R, Cold Case, House. Quando não tem nenhuma série boa, vejo uns programas de venda."

As emissoras começam a dar sinais de que não querem dormir nos pontos do IBOPE e passam a escalar seus pesos pesados para atrair mais audiência. Sem falar na vocação madrugadeira de programas de cunho sexual, como Sexy Time, no Multishow, e religiosos, como o Fala Que Eu Te Escuto, na Record - que contam com fiéis telespectadores, nos dois sentidos da palavra -, o que tem dado as cartas no horário nobre da insônia são os filmes e os seriados. A grade do SBT, por exemplo, reserva séries de grande sucesso, como Smaliville, OZ, One Tree Hill, Cold Case e Medium. Com essa programação, parecida com a da TV paga, só que dublada, a emissora atinge de 3 a 5 pontos de audiência e só fica atrás da Globo.

A Globo escala filmes blockbusters para seus Corujão e Intercine, além de apostar em eventuais seriados, como Bones. Record e Bandeirantes, que vendem boa parte de suas madrugadas para os evangélicos fazerem pregações eletrônicas com picos de não mais que 3 pontos de audiência, também reforçam seus filmes. E uma telespectadora insone diz: "Se a programação do dia fosse igual a da madrugada, a TV seria muito melhor."